Sucesso! Locadoras de automóveis fecharam 2021 com 1,136 milhões de carros, alta de 12,8% no ano
16/03/2022No ano passado, as locadoras emplacaram 441,8 mil carros, contra 360 mil um ano antes
As locadoras do Brasil atingiram em 2021 uma frota total de 1,136 milhão, crescimento de 12,8% na comparação com a frota registrada no final de 2020. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), nesta terça-feira.
No ano passado, as locadoras emplacaram 441,8 mil carros, contra 360 mil um ano antes. O setor tinha estimativa de emplacar 420 mil veículos no ano. O salto, conforme explicou o conselheiro gestor da entidade, Paulo Miguel Junior, veio diante da mudança das novas regras de emissões e consumo para veículos produzidos no Brasil, o chamado Proconve L7.
“Não esperávamos todo esse volume no final do ano. Por conta da mudança nas regras, a indústria precisou desovar os veículos de L6. Isso aumentou a participação do setor no total de emplacamentos para 25,55% (percentual que historicamente ronda os 20%)”, disse Miguel Junior, durante coletiva com jornalistas.
Miguel Junior disse que a indústria precisaria ainda de uns 600 mil veículos para conseguir regular os estoques e avançar com o processo de renovação de frota. O segmento, entretanto, espera receber neste no algo perto de 400 mil veículos. Ou seja, perto ou no máximo igual o registrado no ano passado.
“Temos perspectiva de continuar a compra em torno de 20% a 22% dos emplacamentos anuais”, disse. E emendou: “Se indústria produzir mais, podemos aumentar compra. Mas provavelmente a indústria não conseguirá nos atender”, disse.
Mesmo com a dificuldade na fabricação de veículos, as locadoras conseguiram aumentar a frota ao reduzir o número de vendas de seminovos no mercado. A estratégia, entretanto, fez a idade média da frota saltar de 14,9 meses em 2019, nível mais baixo na base da Abla, para 27,4 meses atualmente.
No ano passado, o carro mais emplacado pelas locadoras foi o Fiat Mobi, com 29,5 mil unidades. Em 2020, o líder tinha sido o Gol, com 38 mil unidades e em 2019 foi o Onix, com 84,8 mil unidades.
Projeções
O setor de locação de veículos deverá registrar um crescimento de dois dígitos no faturamento em 2022, estimou o presidente do Conselho Nacional da Abla, Marco Aurélio Nazaré, nesta terça-feira (8).
Em 2021, o segmento registrou faturamento líquido de R$ 20,6 bilhões, crescimento de 8,4% na comparação com o registrado em 2019, recuperando-se assim do impacto da pandemia. Em 2020, o faturamento havia sido de R$ 15,3 bilhões. “O crescimento na receita virá diante fatores como a entrada de mais carros SUV”, disse, sinalizando espaço para crescimento no ticket médio.
O segmento de locação viu no ano passado uma forte demanda, que ajudou a sustentar o ticket médio em níveis históricos nas principais locadoras do país.
No ano passado, o número de locadoras no Brasil atingiu 13,9 mil, crescimento de 26% na comparação com 2020. Os dados são do Ministério da Economia e compilados pela Abla.
“Existe grande discussão de que 2021 não era propício para criação de novas locadoras por causa do desafio na compra de veículos. Mas com o mercado aquecido você atrai atenção de investidores e pessoas querendo entrar no setor”, disse Miguel Junior.
Eles destacaram que o número representa as locadoras ativas no Ministério da Economia, porém pode ser que nem todas estejam em operação. A maioria delas, por sinal, é de pequenas empresas, que atuam em segmentos específicos, como de aluguel para motoristas de aplicativo.
Nazaré destacou que para este ano o setor deverá enfrentar novamente desafios na compra de veículos. “Existe expectativa que a partir do segundo semestre vamos ter indústria com produção maior. Mas é bom lembrar que não temos capacidade forte sem produção no terceiro turno nas montadoras”, disse. Hoje, as montadoras basicamente operam com dois turnos.
O cenário de investimento por parte das montadoras vai depender da estabilização da economia, normalização no fornecimento de peças e o fim da eleição no Brasil — período que traz bastante instabilidade.
Sobre aluguel para motoristas de aplicativo, o cenário continua apertado. Embora as locadoras maiores estejam reduzindo a locação para estes clientes e priorizando o aluguel de carros (RAC), os executivos da Abla explicaram que o cenário de alta nos combustíveis tem tirado muitos motoristas do mercado.
Desconto na compra
O desconto das locadoras brasileiras na compra de veículos junto a montadoras caiu de algo entre 10% e 12% para perto de 6%, destacaram diretores da Abla. A queda nos descontos chega com os desafios para a produção de veículos ante a ainda escassa oferta de peças.
“Tivemos aumento de preço grande e redução de desconto por parte das montadoras, mesmo em contratos fechados. Tivemos renegociações o tempo todo”, disse Nazaré.
Segundo o Nazaré, os preços de carros novos e usados chegaram no limite afetado pela capacidade de compra de consumidores, assim como o aumento no custo das operações financeiras.
Questionado sobre o anúncio do governo de redução do IPI para os veículos (queda na casa de 18,5%), Nazaré disse que o governo adotou o passo para aquecer um pouco a venda no varejo, que “está andando de lado”.
O desconto, entretanto, foi prejudicado pelo aumento de preço do carro no mercado. “Não houve redução prática nesse primeiro momento, apesar de a intenção ter sido importante”, disse.
Fonte: valor.globo.com