Retomada das atividades impulsiona o setor de locação de veículos em MG

Retomada das atividades impulsiona o setor de locação de veículos em MG

16/08/2022 Off Por Sam

Apesar da baixa oferta de veículos novos no mercado, a frota das locadoras cresceu 12,8% no ano passado, aponta a Abla

O setor de locação de veículos teve um primeiro semestre positivo, com as atividades de lazer e de negócios voltando com força total. De acordo com a Associação Nacional das Locadoras de Automóveis (Abla), o faturamento do setor deverá crescer 10% em 2022, tanto no Brasil quanto em Minas. 

O presidente do Sindicato das Empresas Locadoras de Automóveis do Estado de Minas Gerais (Sindloc-MG), Luciano Miranda, considera que “o crescimento do setor turístico tanto de lazer como de negócios foi fundamental para os bons resultados em 2022, sobretudo, para as locadoras que atuam no rent a car”.

Neste cenário é importante destacar que, com os preços das passagens aéreas em alta, muitos optaram por fazer turismo por meio de deslocamentos terrestres e, para isso, alugaram mais automóveis.

“Outro fator importante é a valorização do turismo nacional, que vem sendo mais vantajoso com o dólar em alta. Também tivemos excelentes resultados nas empresas que trabalham com locação de frota. Os associados seguem falando em ótimo desempenho e muito crescimento. Além disso, o setor em Minas Gerais tem crescido muito com o nicho de carros por assinatura”, diz Miranda, destacando o segmento que responde por 8% dos carros alugados que rodam no País. 

O segundo semestre promete ainda mais aquecimento para o setor, a começar pelos feriados, que ajudam na movimentação do aluguel de turismo. As eleições e a Copa do Mundo tendem a movimentar ainda mais o mercado. 

Segundo a Abla, serão necessários somente para as viagens de lazer e negócios no segundo semestre, pelo menos, 560 mil veículos. “Isto, por si só, já retiraria dos pátios das empresas do segmento de aluguel aproximadamente 48% da frota. Ou seja, precisamos nos reforçar e apostar em um 2022 imenso”, afirma Luciano Miranda.

Oferta de veículos ainda é um desafio

A renovação de frotas, porém, ainda é um desafio para o setor. “Pouco a pouco, a situação tem melhorado. Aposto que encerraremos o ano com um número de frota bem melhor do que temos agora, que já é melhor do que estávamos em janeiro”, aponta o dirigente.

De acordo com a Abla, no primeiro trimestre de 2022, as locadoras emplacaram mais de 80 mil veículos novos e a frota total de automóveis do setor cresceu de 1.136.517 para 1.173.357 unidades. O presidente da entidade, Marco Aurélio Nazaré, acredita que o setor está conseguindo contornar tais adversidades.

“Apesar do cenário ainda complicado para a produção automotiva, o nosso setor terminou 2021 com uma frota 12,8% maior do que em 2020. As locadoras compraram 441.858 carros zero quilômetro, equivalentes a 25,5% de todos os automóveis e comerciais leves emplacados no ano. Um crescimento de 22,5% em relação às compras feitas em 2020, que foram de 360.567 unidades”, relata Nazaré.

“O que está aumentando é a conscientização de que pagar apenas para usar um carro é bem melhor do que gastar muito mais para comprar. Trata-se de uma mudança comportamental que até mesmo os preços nos postos de combustíveis não estão sendo capazes de inibir. Basta lembrar o caso do aluguel para empresas, que representa o uso de 52% dos carros das locadoras no País”, diz o presidente da Abla.

Este mercado, segundo o dirigente, está fazendo as contas e concluindo que é muito mais inteligente e econômico pagar somente pelo uso dos veículos, ao invés da propriedade. “A atividade de locação de veículos é forte e os empresários estão mais conscientes da importância de trabalharem com rentabilidade, de modo a garantir um crescimento sustentável. Entendemos que existe um mercado potencial para o aluguel de carros principalmente entre as pequenas e médias empresas dos mais variados setores”, diz Nazaré.

Ele explica que, em momentos de crise econômica, cresce a quantidade de pequenas e médias empresas interessadas no aluguel de veículos, como estratégia para redirecionar rapidamente o capital antes imobilizado nos automóveis próprios para uso como capital de giro.

“Elas terceirizam a frota, independentemente da quantidade de carros, também como uma alternativa para liberar recursos para o caixa, ao mesmo tempo em que melhoram a qualidade da frota e dos serviços especializados na gestão dos automóveis. Os custos com aluguel de automóveis são comprovadamente inferiores e podem chegar até 25% de economia, quando comparados ao volume de investimentos necessários para manter uma frota própria”, sustenta o presidente da Abla.

A locação, defende Nazaré, também é a melhor alternativa para que o cliente deixe de fazer um investimento inicial alto para a compra de carros, escape da depreciação dos veículos, dos geralmente muito altos gastos com manutenção preventiva e corretiva, dos custos com carros reservas, com licenciamento e seguro, e também escape dos custos administrativos e de pessoal necessário para cuidar de automóveis próprios.

Carro por assinatura

Raciocínio semelhante acompanha o crescimento da modalidade de carro por assinatura, a que mais cresceu no primeiro semestre. “Há uma mudança cultural na percepção de maior valor no uso, em detrimento da posse. Ou seja, em vez de adquirir um veículo, a pessoa o aluga por um, dois ou até três anos. Quando o contrato acaba,, é possível devolver o carro ou renovar a assinatura para um novo período”, conclui o presidente da Abla.  

Grandes fabricantes como a Stellantis e a Renault oferecem a modalidade, que já é conhecida como “a Netflix dos carros”. Mas não só eles: o grupo capixaba Águia Branca, grande conglomerado de transporte e logística, atua neste mercado com o Go Drive, que oferece a assinatura de carros zero quilômetro em Minas, Espírito Santo e Distrito Federal. 

head de Mobilidade da Go Drive, André Lisboa, comemora um crescimento de 15% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado. “O setor se mostrou resiliente, mesmo com o aumento da taxa de juros e do preço dos próprios veículos, que aumentou quase 30% neste período”, aponta o executivo.

“O brasileiro tem entendido que a relação entre posse e acesso veio para ficar. Estima-se que 8% do total de veículos alugados no Brasil já são representados por veículos de assinatura, o que demonstra um potencial de crescimento muito grande nos próximos anos”, revela.

Para o segundo semestre, a empresa trabalha com a perspectiva de repetir o crescimento do primeiro, da ordem de 15%, mesmo com um número menor de dias úteis, em função da Copa do Mundo, por exemplo. Isso inclui enfrentar a dificuldade de renovação da frota, um cenário que, segundo Lisboa, só deverá se normalizar na segunda metade de 2023.

O planejamento de longo prazo feito em 2021, no entanto, fez com que a empresa abastecesse seu estoque, trazendo para ela um diferencial competitivo “Temos veículos das marcas Toyota e Jeep, que são as marcas que nós oferecemos, para entrega em um período menor”, informa Lisboa.  

“Mesmo com a entrada de outros concorrentes neste mercado, pelo tamanho que ele tem, a gente acredita que o brasileiro está mais inclinado ao acesso do que à posse do veículo e esta vai ser a maior avenida de crescimento, no que diz respeito à mobilidade no Brasil”, finaliza. 

Números do setor

Em 2017, havia 1.039 locadoras no Estado. Até o final de 2021, eram 2.002, ou 68,8% da frota de locadoras licenciada do Brasil. Entre elas, estão as duas maiores empresas do setor: a Localiza e a Unidas, que se fundiram no final do ano passado. A Localiza, inclusive, acaba de se desfazer de alguns ativos da Unidas, condição imposta pelo Cade na fusão.  

A terceirização responde por 60% da frota no Estado, seguida pelo turismo de lazer (25%) e turismo de negócios (15%). 

A atividade gera 13.358 empregos diretos em Minas. A maior parte dos carros (39,95%) é da FCA; a seguir, vêm os carros da Volkswagen (13,83%) e da GM, que responde por 8,63%. Os modelos preferidos de quem aluga são os hatches pequenos (24,64%), seguidos pelos veículos de entrada (20,88%).

Fonte: diariodocomercio.com.br